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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Uma busca que levou a um encontro: Jorge Wilheim

No começo do semestre passado, foi pedido pesquisa de repertório para a elaboração do projeto arquitetônico de um novo MIS. Os professores selecionaram algumas obras e sortearam entre as equipes.
Meu grupo ficou com o Paço das Artes, localizado na cidade universitária - USP.
O Paço é um local aonde alguns alunos, ex- alunos de artes da USP e convidados expõem mostras de arte contemporânea.  

O processo da pesquisa incluiu a visita ao local e achamos o local um tanto obscuro, meio abandonado, e por mais que o grupo buscasse informações sobre esse projeto, não encontrávamos nada. Pedimos para a administração do Paço nos enviar algum material, mas nem eles sabiam quem era o autor do projeto.
A responsabilidade do local fica sendo jogada de um lado para o outro entre a Secretaria da Cultura de SP e a Administração da USP, além de  existir uma briga pelo terreno entre USP e o Instituto Butantã.
Por fim, descobrimos que o Paço das Artes é uma obra inacabada de Jorge Wilheim.



Alguns dizem que o projeto teria até 70 mil metros quadrados, outros dizem 25 mil metros construídos que seria de acordo com a Revista Projeto edição 335 “Uma área edificada maior que a do Memorial da América Latina, o novo espaço deve se transformar na mais importante oficina cultural do estado”. Hoje tem construído pouco mais de 4 mil metros quadrados e é conhecido por muitos como o "esqueleto" da USP.

Centro Cultural
Centro Cultural



Mesmo com poucas informações sobre o projeto,  fiquei curiosa sobre o Srº Wilheim, triste ao saber que ele havia falecido a pouco menos de 1 mês e indignada por nunca ter ouvido falar dele , talvez por ignorância minha, mas as vezes todo mundo coloca no pedestal arquitetônico nacional alguns, que falta uma certa atenção a arquitetos como Wilheim que é responsável  por grandes obras dos cartões postais de São Paulo como o novo vale do Anhangabaú.


Jorge Wilheim nasce em 1928 em Trieste, Itália, e chega ao Brasil em 1940, fugindo da Segunda Guerra Mundial.  Formou-se pela Faculdade de Arquitetura Mackenzie em 1952 e ao vencer um concurso, recém-formado, para a elaboração de o projeto hospitalar da Santa Casa de Jaú, abre escritório próprio.
Em 1954 é convidado para projetar em Mato Groso do Sul o projeto urbanístico da cidade de Angélica para 15 mil habitantes. Desde então teve presença marcante em diversos projetos urbanísticos, como o anteprojeto de plano diretor de Brasília e com essa experiência realizando diversos planos diretores para cidades em desenvolvimento em todo o pais.
Em 1969 concebe e coordena o projeto do parque Anhembi, com o Palácio das Convenções, um hotel e o pavilhão de exposições que teve suas estruturas de treliças metálicas erguidas em 8 horas. Em 1981, associado a Rosa Kliass e Jamil Kfouri, vence o concurso para a reurbanização do vale do Anhangabaú, construído e inaugurado dez anos mais tarde, e que revela aspectos da reflexão urbanística de Wilheim, como a valorização da vida a pé e da rua como uma grande praça de vida cívica, espaços abertos e públicos.
Vale do Anhangabaú

Vale do Anhangabaú

Essa reflexão também pode ser notada na proposta que fez para a Nova Augusta em 1973, aonde propõe  o bloqueia da circulação de automóveis em um longo trecho da via, construindo praças escalonadas com degraus, jardineiras e um mobiliário urbano variado.
Jorge Wilheim é considerado um dos principais urbanistas brasileiros e teve forte atuação politica como defensor do chamado “planejamento estratégico”. Foi titular da Sempla (Secretaria Municipal de Planejamento) de 1983 a 1986 elaborando o plano diretor de São Paulo de 1984. Secretario Estadual do Meio Ambiente de 1987 a 1991 e na gestão seguinte de 1991 a 1994 se torna presidente da Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo, a tão conhecida Emplasa, da onde surgiram grande projetos pioneiros e teve sua participação nos 31 Planos Estratégicos das Sub-Prefeituras de São Paulo.
Com toda essa bagagem urbanística em 1994 é convidado pela ONU para trabalhar em Nairóbi-Quênia no cargo de Secretario geral adjunto da Conferencia Mundial de Habitat 2, realizada em 1996 em Istambul-Turquia
Seus trabalhos mais recentes contam com consultoria para as obras das Olimpíadas Rio 2016, os estudos urbanísticos para as estações do TAV - Trem de Alta Velocidade, coordenação geral na elaboração da Operação Urbana Rio Verde-Jacu  e tantas outras novas OP em São Paulo. 
Na arquitetura podemos encontrar sua marca no Hospital Albert Einstein, SESI Vila Leopoldina e em breve na nova Casa da Orquestra em Belo Horizonte entre outros.

Autor de mais de 10 livros sua obra mais recente é São Paulo: uma interpretação (Editora SENAC) que em breve pretendo ler.

Creio que posso resumir Jorge Wilheim brevemente como um homem que trabalhou, e muito bem, em busca de uma vida urbana melhor para todos. Todas ideologias vista em minhas aulas de urbanismo foram praticadas por ele por toda a sua vida e por todos os lugares que passou. Acredito que ele tenha passado tudo isso para a equipe que o acompanhou e para a equipe que ira continuar os seu trabalhos pois espero ver esse grande Arquiteto e Urbanista dono de um sorriso cativante (que muito me lembrou meu querido vó) eternizado em suas obras com orgulho e admiração que carrego e terei para sempre como exemplo.

Link da apresentação do seminário: http://migre.me/lRBwD
Imagens: Internet e fontes.
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